Friday, June 1, 2007

Xutos & Pontapés- Circo De Feras

Oiçam o verdadeiro património musical. De certeza que não será nem a primeira nem a segunda vez que ouvirá este clássico absolutamente indispensável. Só terá uma ultima vez quando deixar esta vida. Depois dos excelentes 78-82 e Cerco (recomendo vivamente que oiçam estas relíquias) é a vez de Circo De Feras entrar para os ouvidos dos portugueses. Sabe-se que o pais vivia um clima de pós 25 de Abril e que novas determinações e socio-politicas vão entrar para um clima sistematizado pelo retroceder do progresso. De qualquer maneira era um estampo efémero. É com a filosofia política que os Xutos estão determinados a levantar a mão e a represar o que está mal nas suas letras urbanísticas. E claro não podemos esquecer a sua marca registada: o visual á la The Clash com punk dissolvendo entre o pop melódico, o som único que tem como dono só os Xutos e mais ninguém. O álbum abre com Contentores. Oiça o curioso som dos contentores no intro e a introdução leve e pop. Sem duvida que os Xutos souberam manter-se mútuos e alicerçarem no caminho do pop/rock melodioso. Talvez a melhor do álbum. Sai P’rá Rua é uma faixa delicadamente forte e arrojada de refrães fortes. Pensão tem um curioso quase jazz dentro de rock Stoner. O senhor Gui sabe que a ideia do saxofone dentro numa banda punk é sempre bem vinda! Repare-se no refrão, Tim esforça-se por não repetir o que outrora fizera e consegue. Desemprego é uma faixa forte e que mantém actual no relato de uma sociedade derramada pelo ortodoxismo da verdade económica. Tem uma curiosa introdução que faz-me lembrar a de Money dos Pink Floyd. Esta Cidade é uma das melhores baladas que os Xutos já fizeram. Poderosa e cativante eleva o poder máximo da sensação de ouvir algo poderoso e ao mesmo tempo directo e sem dilemas hipócritas. “...A polícia já tem o meu nome...Minha foto está no ficheiro... Porque eu não me rendo... porque eu não me vendo... Nem por ideais... Nem por dinheiro...”. Querem melhor afirmação do que esta acerca de convicção? Não Sou O Único é um clássico inesquecível dos Xutos com um refrão fácil de entrar nos ouvidos. Talvez a versão dos Resistência ganhou mais fama mas esta versão tem alma e corpo. N’América é o pendor máximo sobre o imperialismo/capitalismo que assombrava e ainda hoje é a sombra dos nossos costumes ligados ao comodismo que sem incertezas os Xutos pretendem criticarem. Agora entramos na Vida Malvada. Gui nunca esteve em grande forma como aqui. A minha faixa predilecta em todo o repertório. Um ritmo inesquecível. A ultima é a faixa-titulo Circo De Feras. Poderosa e vibrante, uma verdadeira batalha de titãs com Kalú a comandar as hostes de um rock/pop melódico. Talvez o melhor álbum ao longo da carreira dos Xutos devido á sua diversificação. Todos os membros estão em plena forma e inspiração para entoarem o longo rock in roll que perdura por mais de vinte anos.

Contentores /Sai p´ra rua /Pensão/ Desemprego/ Esta cidade /Não sou o único/ N'américa /Vida malvada/ Circo de feras

Produção: Carlos Maria Trindade

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