Wednesday, May 30, 2007

War (U2)


Confesso que não sou grande fã dos U2, mas tenho uma certa e inexplicável admiração pelo álbum War. Sim, é aquele que segue a linha tradicional de meter um puto na capa tal como os anteriores. Sinceramente os últimos trabalhos da banda são despersonalizados e sem interesse que outrora captavam nos anos 80. Apesar de já terem lançado o excelente Boy (October não conta porque é uma tremenda porcaria) e um EP (agora raro) é com War que a banda ganha fama internacionalmente graças ás letras que abordam temas políticos e ao sucesso do single Sunday Bloody Sunday (hino nos espectáculos), seja como for vamos lá a isso. Um dos passos do grupo em direcção à política aconteceu em Londres. Bono encontrou Garret Fitzgerald, então candidato ao cargo de primeiro ministro pelo Fini Gael (partido de centro-direita), num vôo para Dublin e apresentou-se ao candidato. Garret não conhecia Bono, mas já sabia da fama que os U2 possuía no seu país. Os dois começaram uma amizade frutífera e foram fotografados juntos no desembarque. As fotos saíram nas primeiras páginas de vários jornais. Para solidificar ainda mais essa amizade, Garret compareceu aos estúdios Widmill Lane com a sua esposa Joan, durante o período em que o grupo gravava o disco. Mais fotos foram tiradas do encontro, aumentando a popularidade do candidato entre os jovens irlandeses. Os U2 acabaram por um belo golpe de marketing para a vitória de Garret, e Bono Vox começou por ser um chato da primeira. Sem questionar, War foi o primeiro álbum 100% politico. Adiante, o álbum abre com o hino Sunday Bloody Sunday, que aborda um assunto que os Irlandeses dificilmente esquecerão: o massacre de1972, na cidade de Derry, quando treze pessoas foram mortas. Não era intenção da banda lançar a faixa como single a verdade é que a editora acabou por lançá-la na mesma. Seconds é possivelmente sobre o Ataque Nuclear (a banda nunca esclareceu) ou sobre o exorcismo da vinda de uma terceira guerra mundial e pela primeira vez tem The Edge na voz. A seguinte é mais um clássico da lista da banda e a minha favorita: New Year’s Day. A letra foi inspirada no Karol Wojtila (João Paulo II), imagine-se um papa não italiano pela primeira vez após 500 anos e ainda por cima no tempo em que se vivia o ambiente de Cortina De Ferro na Europa. O som da faixa é por sinal pop/rock adequado ás rádios mas a letra era muito fora do comum, não eram canções romanticas e chatas como de costume mas sim um lado mais realístico. Like A Song....é um experimentalismo entre o punk e o new wave presente em October. O resultado é interessante. Drowning Man é uma balada poderosa com um pouco de blues á mistura de pop e com direito a solo de teclas. Bbono tenta cantar em momentos de falsetos mas até nem se sai mal. Boa ideia do uso dos ecos para dar mais vida á faixa. The Refugee é uma das melhores do álbum. A banda experimenta novas tendências com ritmos tribais (talvez tenha influenciado os Sepultura) e fala sobre os refugiados que tentem escapar para terem uma vida melhor. Two Hearts Beat As One é sobre as tendências da moda que levam a uma perda de identidade (como a treta do hip hop nos dias de hoje). A musica segue um baixo arrebatador de Adam Clayton e um ritmo pop/rock contagiante, curiosamente foi muito pouco tocada durante a digressão o que é pena devido ao seu ritmo. Foi o segundo sucesso do álbum. Red Light e Surrender são duas faixas impressionantes com a participação do trompetista Kenny Fradley e também leva mais uma participação especial do trio Kid Creole And The Coconuts. Surrender abordava as angústias das pessoas perante a vida moderna. Red Light tem um curioso ritmo funk enquanto Surrender parece quase psicadélico e um pouco de influências de David Bowie. Finalmente o disco fecha com “40”, inspirada nos Salmos do mesmo numero da Bíblia. A canção manifesta um ambiente intenso e dramático, ou seja uma das melhores baldas que a banda já fez e que nunca mais conseguirá fazer outra igual a essa. Lançado em 1983, foi mundialmente aclamado pela critica e foi directamente para o 1º lugar na Inglaterra enquanto esteve na 12ª posição nos EUA. É sem duvida um dos melhores trabalhos da banda e um dos meus favoritos álbuns dos anos 80. The Edge mostra um lado experimental em outros projectos ainda antes do EP Under A Blood Red Sky.


1. Sunday Bloody Sunday 2. Seconds 3. New Year's Day 4. Like a Song 5. Drowning Man 6. The Refugee 7. Two Hearts Beat as One 8. Red Light 9. Surrender 10. 40


Produzido por Steve Lillywhite//dur: 43 mins.

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