
Os Deep Purple nos finais dos anos 60 tinham um som mais direccionado para o rock progressivo e lançaram dois álbuns com a formação Mark I (Rod Evans, vocalista e Nick Samper, baixista), mas não alcançaram o sucesso desejado, com a formação Mark II, a banda lança Concert For Group And Orchestra, um projecto pessoal de Jon Lord, o teclista da banda, apesar das boas criticas foi um flop comercial. É com o Deep Purple In Rock que a banda vai conhecer o sucesso merecido e uma nova dose de som mas também inovadora, onde misturam musica clássica (graças a Jon Lordi) com hard rock pesado, influências directas de Led Zeppelin e blues. Era um som fresco e directo, sem renitência É preciso saber que o ano de 1970, em Inglaterra foi o berço do aparecimento de inúmeras bandas hard rock, algumas atingiram o sucesso outras foram esquecidas, mas era raro haver uma que decepcionasse. O álbum abre com Speed King, com um intro perturbante (a estrutura faz lembrar um pouco a Death On Two Legs) do qual de repente atira a agulha para o vermelho em máxima velocidade. Riffs cortantes, voz histérica de Ian Gillian e batidas enlouquecidas, em soma é um bom e velho hard rock. Bloodsucker é impressionante pela voz de Gillian que tem a proeza de ultrapassar todos os limites. Um tema arrasador. O épico Child In Time é completamente diferente da proposta hard rock do álbum. Na minha opinião uma das melhores composições da banda. Uma balada progressiva de dez minutos com um vocal poderoso e complexo de Ian Gillian e um ambiente sinistro criado por Jon Lord nas teclas. Ian Paice, na bateria, cria um ambiente pseudo-jazz acompanhado por solos enlouquecidos de Ritchie Blackmore. Genial! Flight Of The Rat é outro exemplo de hard rock vociferador com pitadas de blues, um som no entanto abafado pelo baixo de Roger Glover. É admirável o solo de Jon Lord nas teclas e o solo “boogiano” de Ritchie Blackmore. O final é impressionante com um solo de Ian Paice na bateria. Ponham no máximo volume e digam se não vale a pena. Into The Fire, uma das minhas favoritas, com influências directas da banda Jimi Hendrix Experience, mas mais moderno claro, com um refrão incansável. Living Wreck blues/hard rock é a mais calma de todas, mas não assim tão calma. Ian Gillian canta como se estivesse a lamentar de algo. Ritchie Blackmore não fica no seu canto surpreendendo também com riffs blueseiros. Há também tons funks, embora que não demonstre assim tanto. Hard Lovin’ Man é a ultima e curiosamente tem um intro que faz lembrar a Keep Yourself Alive. A canção é mais da cara de Ritchie Blackmore que da banda. pesada e rápida sem intermédios. A edição em CD acrescenta-lhe o primeiro grande sucesso da banda, apenas em edição single , o mitico Black Night (chart position UK#2), além de seis bónus: quatro remix e os inéditos Cry Free e Jam Stew. Os músicos estão aqui em plena forma, sobretudo Ritchie Blackmore , numa guitarra explosiva, e Gillian numa interpretação paroxística. In Rock vai influenciar inúmeras bandas, sejam hard rock ou heavy metal , é uma nova era que se abre para o rock and roll, e dentro desse género, é difícil fazer melhor mas a banda consegui-o. Este foi um dos primeiros álbuns que ouvi, confesso que ainda não percebia patavina sobre o hard rock seventies e nem sobre a banda conhecia coisa nenhuma. Foi o puro instinto que me fez comprar o álbum, no fundo eu sabia que alguma coisa boa estava lá. Já estava farto de pop mainstream (era o auge da Britney Spears, portanto era normal) e queria o bom velho hard rock, e não me arrependi. Outra coisa que me atraiu no álbum foi a capa, que ainda hoje é a minha favorita dos anos 70 (juntamente com News Of The World). Isso já foi á sete anos e ainda não me cansei do álbum. É o que chama a ser intemporal.
Ian Gillan - voz
Ritchie Blackmore - guitarra eléctrica
Jon Lord - teclas
Roger Glover - baixo Ian Paice - bateria

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